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INCOR ULTRAPASSA A MARCA DE 100 TRANSPLANTES DE PULMÃO
28/10/2008
Jovem de 23 anos, que está em cirurgia desde às 9h da manhã, terá os dois pulmões transplantados.
Teve início da manhã desta terça-feira (28) o 101º transplante de pulmão realizado pelo Incor – Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. A marca reforça no País o transplante de pulmão como terapia capaz de beneficiar pacientes em estado avançado de doença pulmonar crônica que não encontram mais qualquer alternativa de tratamento. “É importante que pacientes do Brasil todo, e principalmente seus médicos, tenham em mente que o transplante de pulmão evoluiu muito nos últimos anos e se coloca hoje como alternativa viável para a recuperação da qualidade de vida desses pacientes”, diz Prof. Dr. Fábio Jatene, cirurgião torácico e coordenador do programa do Incor.
O paciente do 101º transplante de pulmão do Incor é homem, tem 23 anos e estava há um ano na fila de espera. Desde os 16 anos de idade tem diagnóstico de fibrose cística, doença congênita que provoca infecções de repetição que destroem os pulmões e, dessa forma, compromete progressivamente e de forma irreversível a função respiratória. O paciente que está em cirurgia era dependente de oxigênio há alguns meses e, em função da progressão da doença, estava impossibilitado de fazer atividades rotineiras básicas como, por exemplo, tomar banho sozinho.
O Incor é um dos dois únicos centros médicos no Brasil que mantêm programa regular de transplante de pulmão. Existem atualmente cerca de 55 pacientes em fila de espera pelo procedimento no Instituto. Os resultados de sobrevida desses pacientes superam os índices internacionais – depois de um ano de transplante, 85% dos transplantados de pulmão permanecem com vida..
CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS
A captação do pulmão de doadores para transplante é um processo bastante complexo. O pulmão é o primeiro órgão a se deteriorar no processo de morte encefálica.
Nessa condição, geralmente o potencial doador necessita de suporte respiratório que, muitas vezes, compromete a qualidade do órgão. Além disso, boa parte dos doadores com morte cerebral por acidente tem os pulmões comprometidos por trauma torácico, o que inviabiliza a doação.
O pulmão é também um órgão sujeito à contaminação direta pelo ar, tanto no caso do doador quanto no do receptor. Todos esses fatores inviabilizam a captação de cerca de 80% dos pulmões doados.
TRANSPLANTE DE PULMÃO É VÍAVEL
Doença pulmonar obstrutiva crônica, enfisema e fibrose pulmonares, além de hipertensão pulmonar e fibrose cística, são algumas das doenças do pulmão que, em fase avançada, podem ser tratadas com transplante do órgão.
Apesar disso, pequena parcela da população que poderia ser beneficiada consegue chegar a centros de referência para a realização da cirurgia porque foram contra-indicadas por seus médicos ou porque não têm condições de se estabelecer em outra cidade para tratamento.
Embora os avanços em transplante de pulmão, ainda hoje muitos médicos desconhecem e, em muitos casos, até mesmo contra-indicam a cirurgia aos pacientes, alegando dificuldades no procedimento e no pós-operatório. “Acreditamos que isso ocorra pela falta de informação do clínico sobre as indicações do transplante, da possibilidade de realizá-lo e sobre o caminho que o paciente deve seguir para sua realização”, explica Jatene, diretor da equipe de sete médicos cirurgiões e clínicos e 15 especialistas multiprofissionais do transplante pulmonar do Incor.
O número reduzido de centros de referência em transplante de pulmão no país também é uma das dificuldades no atendimento. Segundo Dra. Marlova Caramori, pneumologista chefe da equipe, os números internacionais indicam potencial demanda de transplante pulmonar no Brasil de dois pacientes por milhão de habitantes, ou seja, aproximadamente 340 transplantes por ano. “Atualmente os números oscilam em torno de 30 transplantes realizados por ano no Brasil. Acreditamos que com a reestruturação de alguns serviços, possamos atingir 60 transplantes por ano a curto e médio prazos”.
Os pacientes submetidos a transplante são acompanhados continuamente pela equipe especializada do hospital. Invariavelmente, como todos os pacientes transplantados, apresentam intercorrências ao longo do tempo, que necessitam de exames, medicações e, muitas vezes, de internações acompanhadas ou não de procedimentos endoscópicos ou cirúrgicos. “O transplante é um grande investimento em todos os sentidos e, no caso de doentes do pulmão em estágio avançado, uma ótima, e senão única, alternativa para a melhoria da qualidade de vida”.
INDICAÇÕES DE TRANSPLANTES DE PULMÃO
O paciente com indicação para transplante de pulmão tem doença pulmonar, com exceção de câncer, em estágio avançado e cujo tratamento não responde mais aos medicamentos. Sua expectativa de vida com a doença gira em torno de dois a três anos e sua idade máxima, no geral, não deve ultrapassar 65 anos. Além disso, ele deve ter condições de se locomover e morar próximo ao centro de referência para tratamento prolongado.
São contra-indicados para transplante de pulmão pacientes fumantes e que apresentam coronariopatia, cirrose, insuficiência renal, hepatite aguda; infecção extrapulmonar; HIV e câncer, entre outras doenças em estágio avançado.
Assessoria de Imprensa
Instituto do Coração
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