Imprensa
InCor estuda nova opção de tratamento da insuficiência cardíaca
09/08/2022
Pesquisa avaliará eficácia de tratamento minimamente invasivo para diminuição dos sintomas e da evolução da doença
O InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP) iniciou um estudo pioneiro no país para o tratamento da insuficiência cardíaca a partir do uso de um Regulador de Fluxo Atrial (AFR, na sigla em inglês). De acordo com Prof. Dr. Edimar Alcides Bocchi, diretor da Unidade de Insuficiência Cardíaca do InCor, o objetivo é que o implante ajude o coração enfraquecido a bombear o sangue, reduza as pressões no pulmão, diminua os sintomas da doença e consequentemente melhore a qualidade de vida dos pacientes.
O procedimento com esse dispositivo específico inédito no Brasil consiste na inserção de uma pequena prótese de nitinol (tipo de metal com superelasticidade e maleável) no coração doente, que fará a comunicação entre os dois átrios do órgão, responsáveis por receber o sangue do pulmão e de outras partes do corpo, e devolvêlo ao organismo. Nos quadros de insuficiência cardíaca, o coração tem dificuldade em realizar este processo por conta própria, atrapalhando o atendimento das necessidades do nosso corpo, como a oxigenação, circulação, pressão sanguínea, funções renais e hepáticas.
“O desenvolvimento de novos métodos para o tratamento da insuficiência cardíaca é crucial para o aumento da sobrevida dos pacientes. Realizamos o primeiro procedimento do Brasil aqui no InCor, no mundo poucos foram feitos até o momento. A expectativa é confirmar se este tratamento intervencionista é uma opção terapêutica eficaz para a melhoria da saúde e para a qualidade de vida daqueles acometidos pela doença”, explica Dr. Edimar Alcides Bocchi.
A cirurgia é feita por um método minimamente invasivo, a partir de uma punção em veia na região da virilha, por onde o cardiologista intervencionista, especialista em procedimentos do tipo, insere um cateter que leva o implante até o coração. “O implante se assemelha a um carretel de linha e tem um orifício de 8 mm a 10 mm de largura, o equivalente a um botão de costura, que permitirá a passagem do sangue entre os átrios. Todo o procedimento é feito por esta única punção, sem a necessidade de se abrir o tórax, e tem duração de cerca de 40 minutos”, explica o Dr. Fábio Sândoli de Brito Junior, coordenador do programa de Intervenção em Cardiopatia Estrutural do InCor. O paciente recebe alta em 24 horas, com a recomendação de retomar as atividades diárias normalmente.
O estudo randomizado e prospectivo será realizado em 60 pacientes de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) e que, apesar de receberem tratamento médico adequado, apresentam sintomas de agravamento.
“Os tratamentos que temos à disposição são medicamentosos, ou, então, o transplante de coração, nos casos em que as opções terapêuticas foram esgotadas. Sabemos que nem todos os pacientes com insuficiência cardíaca precisarão de um novo coração para sobreviver, portanto, oferecer opções eficazes e minimamente invasivas, que vão diminuir as pressões no músculo cardíaco e o prognóstico da doença, é imprescindível para melhorar a qualidade de vida”, afirma Dr. Alexandre Abizaid, diretor do Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do InCor.
Desenvolvido pela Occlutech, empresa alemã que fabrica dispositivos cardíacos minimamente invasivos, o regulador do fluxo atrial (AFR) recebeu da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (US Food and Drug Administration, FDA) a designação de Dispositivo Inovador, em 2021. O implante foi aprovado para uso no Brasil em protocolo de pesquisa, coordenado pelo InCor, e ainda não está disponível na rede de saúde do SUS ou privada, mas será utilizado nesse estudo do InCor.
Panorama da Insuficiência Cardíaca (IC) no Brasil
As Doenças Cardiovasculares (DCV) são as principais causas de internação e mortes no Brasil quando o assunto é doença clínica não traumática. Entre as DCVs de maior prevalência está a insuficiência cardíaca, que no país atinge aproximadamente 2 milhões de pessoas, e tem incidência de 240 mil novos casos por ano.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2021 foram registrados mais de 167 mil atendimentos de pessoas com insuficiência cardíaca na Atenção Primária à Saúde do Brasil. Somente entre janeiro e abril de 2022, 59 mil atendimentos já foram feitos. Em nível mundial, a doença atinge cerca de 2% da população e vem apresentando uma tendência de alta, principalmente devido ao envelhecimento populacional e maior expectativa de vida.
Conhecida como a linha final das doenças do coração, a insuficiência cardíaca pode se instalar devido a lesões que acometem o órgão, como infarto, doença isquêmica do coração, doenças das válvulas cardíacas, miocardite (infecção do coração), cardiomiopatia (coração aumentado), doença cardíaca congênita (condição desde o nascimento), pressão alta (hipertensão), endocardite (inflamação), doença arterial coronariana, diabetes, entre outros.
A doença é debilitante e causa uma série de desconfortos, como insuficiência renal, fadiga extrema, inchaço nas pernas, dificuldade para respirar, ortopnéia (dificuldade para respirar deitado) e intolerância a exercícios físicos, desde uma caminhada leve até atividades intensas. A doença está entre as principais causas de mortalidade relacionadas ao coração.
Um estudo publicado por especialistas da University of Miami Miller School of Medicine e da Universidade Federal da Paraíba observou um aumento de 30% na taxa de mortalidade hospitalar e alta de 12% na duração da internação por IC no período entre 2008 e 2017.
Em outro estudo que analisou dados de mortalidade por IC entre 1997 e 2017, mostrou que cidades localizadas no sul, sudeste, nordeste e centro-oeste do país têm maior risco relativo de mortes causadas pela doença.
“O desenvolvimento da própria medicina, a partir de novas terapias e dispositivos para o tratamento da insuficiência cardíaca, bem como o aumento nas taxas de transplantes cardíacos são importantes para a diminuição da mortalidade e aumento da qualidade de vida dos pacientes” finaliza o Dr. Edimar Alcides Bocchi.
Sobre o InCor
O InCor é um hospital público de alta complexidade, especializado em cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica. Além de ser um polo de atendimento - desde a prevenção até o tratamento, o Instituto do Coração também se destaca como um grande centro de pesquisa e ensino. O Incor é parte do Hospital das Clínicas e campo de ensino e de pesquisa para a Faculdade de Medicina da USP – Universidade de São Paulo. Para a manutenção de sua excelência, o Instituto tem suporte financeiro da Fundação Zerbini, entidade privada sem fins lucrativos.
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