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INCOR SE PREPARA PARA COMEMORAR 20 ANOS DA IMPLANTAÇÃO DO PRIMEIRO VENTRÍCULO ARTIFICIAL DA AMÉRICA LATINA
12/04/2012
Primeiro ventrículo artificial brasileiro, cuja última geração será testada em 30 pacientes, a partir deste ano, é precursor de um modelo inédito em desenvolvimento no Instituto: o ventrículo artificial infantil.
Em fevereiro de 1993, o mecânico Dorvílio Alves Madeira, na época com 30 anos e em fase terminal de doença de Chagas, foi o primeiro paciente da América Latina a receber um ventrículo artificial para se manter vivo. A operação, realizada pela equipe de Transplantes da Divisão Cirúrgica do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor‐ HC‐FMUSP), fez com que ele pudesse aguardar, apoiado pelo aparelho durante cinco dias, até a disponibilidade do coração de um doador ‐ esta era a ponte para o transplante cardíaco.
O dispositivo de assistência ventricular (DAV), desenvolvido na Bioengenharia do Incor, foi ligado ao coração de Dorvílio, para auxiliar o bombeamento do sangue arterial para o corpo. Hoje, ele tem vida normal, mora em São José do Rio Preto/SP e trabalha mais de oito horas por dia – um caso de sucesso que exemplifica os benefícios do desenvolvimento da tecnologia nacional em órgãos artificiais.
O Incor comemorará em 2013 os 20 anos desse feito histórico com o desenvolvimento de outro produto inédito: o primeiro coração artificial infantil da América Latina, que deverá estar pronto para implantação em crianças até final de 2012.
Além disso, a partir de julho deste ano, o DAV será testado em um estudo multicêntrico coordenado pelo Incor, com apoio do Ministério da Saúde, para implantação do dispositivo em 30 pacientes em outros cinco centros brasileiros: Dante Pazzanese (SP), Hospital de Messejana (CE), Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro e Hospital São Paulo (SP). Projetado para uso hospitalar, à beira do leito, o, está agora em sua quarta geração.
O CORAÇÃO ARTIFICAL INCOR
“O primeiro implante de um ventrículo artificial brasileiro foi um momento revolucionário para a bioengenharia brasileira e latino‐americana”, relembra a Dra. Idágene Cestari, diretora da Bioengenharia do Incor. Naquela época, o Brasil juntou‐se aos Estados Unidos, Japão e Alemanha como únicos países capazes de fabricar corações artificiais.
O ventrículo que compõe o DAV fica externo ao copo e é ligado ao coração do paciente por tubos. O acionamento do ventrículo é feito por um console pneumático ligado à rede elétrica e opera com baterias durante a movimentação do paciente. A utilização desses ventrículos, explica Idágene, é perfeitamente adequada à duração habitual das “pontes para transplante”, isto é, a espera por um órgão, que pode levar até semanas.
CORAÇÃO ARTIFICIAL PARA CRIANÇAS
Aguardado com grande expectativa, o coração artificial infantil está sendo desenvolvido no Incor desde 2002. Até o final deste ano, o equipamento estará disponível para uso da equipe de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do Instituto, que realiza o maior número de transplantes cardíacos pediátricos da América Latina e poderá então salvar crianças que hoje morrem na fila à espera de um coração.
“Um coração artificial infantil poderá ser a diferença entre a vida e a morte nestes casos”, diz o Dr. Marcelo Jatene, chefe da equipe cirúrgica de transplante infantil do hospital. O equipamento, que está sendo desenvolvido conjuntamente pela equipe de cirurgia pediátrica e a Bioengenharia do Incor, deve atender a uma faixa de pacientes desde recém‐nascidos até adolescentes.
Seu desenvolvimento traz vários desafios tecnológicos que vão desde os materiais utilizados até sua geometria devido suas dimensões para se adequar ao organismo infantil. Em linhas gerais, o coração artificial infantil terá o mesmo sistema de acionamento já validado no uso em adultos.
Estima‐se que anualmente 30 mil crianças no mundo nasçam com alguma má formação congênita no coração, que pode evoluir para a insuficiência crônica do órgão, necessitando de transplante.
O coração artificial infantil poderá significar para parte dessas crianças uma chance decisiva, assim como foi para Dorvílio, de manter a vida.
CONHEÇA OS VENTRÍCULOS DO INCOR