Imprensa
CURSO INÉDITO NO BRASIL SERÁ MINISTRADO COM USO DE HOMEM VIRTUAL EM 3D
29/03/2012
Imagens de ficção científica saem das telas de cinema para se integrarem perfeitamente em salas de aula virtuais voltadas para a formação de profissionais e estudantes na interpretação dos eletrocardiogramas, este exame básico que, ainda hoje, é o campeão no diagnóstico inicial de problemas cardíacos como infarto e arritmia.
Como o impulso contínuo da rede elétrica que permeia o coração desencadeia a contração muscular do miocárdio, mantendo o fluxo de sangue para todo o organismo? De que forma essa cascata eletrofisiológica, que mantém o coração em movimento, é captada por eletrodos e fios e traduzida graficamente, em tempo real, de maneira a ser compreendida pelos especialistas que a leem? É possível ver tudo isso a olho nu, acontecendo ao mesmo tempo, como se o corpo humano não tivesse as barreiras da pele e dos músculos? Sim, todas essas questões podem ser agora melhor compreendidas. Isso porque, pela primeira vez no Brasil, um curso de formação em saúde utilizará a tecnologia 3D acoplada ao homem virtual, como recurso para otimizar o aprendizado de profissionais e de estudantes de medicina de qualquer especialidade, tanto à distância, pela internet, quanto na sala de aula.
O Curso Anual de Eletrocardiologia do Incor, que acontecerá de 2 de abril a 10 de dezembro de 2012, sempre às segundas‐feiras, das 11h30 às 13h, é promovido pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP há 16 anos.
Mas agora a parceria com a Escola de Educação Permanente do Complexo Hospital das Clínicas da Faculdade da Medicina (FMUSP) e com o Departamento de Telemedicina da mesma Faculdade está elevando o curso ao patamar dos efeitos especiais dignas das melhores produções holywoodianas.
“É um recurso revolucionário para professores e alunos”, diz o dr. Carlos Alberto Pastore, cardiologista do Incor e coordenador do curso. “O que antes demorava horas para ser explicado e assimilado, hoje pode ser entendido e retido em poucos minutos”. O homem virtual consiste na reprodução do corpo humano com computação gráfica, de maneira a gerar, em tempo real, uma imagem fidedigna da constituição e funcionamento do organismo humano.
Além do recurso 3D aplicado ao homem virtual, o Curso Anual de Eletrocardiologia do Incor traz outra novidade: a implementação de discussão de casos clínicos com traçados de eletrocardiograma em rede social educacional, restrita a professores e alunos.
EXAME CENTENÁRIO É BARATO, ACESSÍVEL E EFICAZ
A cada ano, cerca de 140 mil pessoas morrem de doenças do coração no Brasil, segundo dados da OMS – Organização Mundial da Saúde. Cerca de 90% dessas mortes, inclusive as decorrentes de mal súbito, poderiam ser evitadas com o diagnóstico básico de um simples eletrocardiograma, seguido de tratamento e acompanhamento médicos adequados. “Uma boa consulta cardiológica e um eletrocardiograma bem interpretado podem diagnosticar mais de 90% dos problemas cardíacos, poupando milhares de vidas”, diz Pastore.
Entre 70% e 80% das arritmias cardíacas e dos infartos agudos do miocárdio podem ser facilmente diagnosticados com o eletrocardiograma, aparelho de fácil acesso a clínicas e hospitais primários em qualquer região do País, já que têm, comparados ao rol dos altos custos da medicina moderna, um preço extremamente baixo – entre R$ 10,00 e R$ 40,00 o exame.
Desenvolvimentos recentes na técnica detectam problemas congênitos no sistema elétrico do coração, passíveis de complicações futuras e até mesmo de morte súbita, cujo diagnóstico era impossível há alguns anos.
Apesar de seu potencial, o método ainda é pouco explorado pelos médicos que, muitas vezes, desconhecem tanto sua aplicação básica quanto as mais complexas. Embora não haja números oficiais sobre o assunto, não são raros os casos de infartos não diagnosticados nos serviços de emergência devido à leitura incorreta do exame, explica o especialista do Incor.
“Para aumentar a eficácia em sua aplicação no País, precisamos ter na ponta do sistema de saúde pública profissionais adequadamente treinados para seu uso nas mais diversas modalidades”, avalia o médico.
COMO FUNCIONA O ELETROCARDIOGRAMA
O eletrocardiograma é um exame capaz de detectar a atividade elétrica do coração. Doenças que lesam o músculo cardíaco, como o infarto e a insuficiência cardíaca de diferentes causas, alteram a complexa rede de impulsos elétricos responsáveis pelo movimento de contração e repouso do órgão e, consequentemente, pela eficiência de seus batimentos no esforço de bombear o sangue para o corpo. Surgem assim as arritmias cardíacas e as paradas cardiorrespiratórias.
Algumas doenças congênitas e assintomáticas – como o QT longo, a displasia do ventrículo direito e a síndrome de Wolff Parkinson White ‐ relacionadas ao sistema elétrico do coração também podem ser diagnosticadas pelo eletrocardiograma.
Embora atinjam menos de 1% da população, essas doenças cardíacas podem ser altamente letais, levando à morte súbita por arritmia quando conjugadas ao uso de medicamentos comuns, como antibióticos, antialérgicos, antidepressivos e os próprios antiarrítmicos. Nos últimos anos, estudos eletrocardiográficos comprovaram essa associação perversa, levando à retirada de diversas drogas do mercado. “Além dessas medidas, é fundamental que os doentes de risco sejam detectados antes de se exporem a qualquer medicamento”, diz Pastore.
POTENCIAL INESGOTÁVEL
Nessa direção, ao longo de mais 100 anos, o eletrocardiograma vem se especializando em diversas técnicas apropriadas para o estudo da atividade elétrica do coração em situações específicas – holter para avaliação das arritmias durante 24 horas; teste ergométrico, monitorando o coração durante o exercício físico; looper, para captação de eventos esporádicos das arritmias; eletrocardiograma de alta resolução e mapeamento eletrocardiográfico de superfície. “A cada dia descobrimos uma nova leitura para detecção de problemas específicos da atividade elétrica do coração”, diz o doutor.
SERVIÇO
CURSO ANUAL DE ELETROCARDIOLOGIA DO INCOR
Realização: Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP
Apoio: Escola de Educação Permanente do Complexo Hospital das Clínicas da Faculdade da Medicina (FMUSP) e Departamento de Telemedicina da FMUSP
Modalidades: à distância, pela Internet, ou presencial, na Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 44 – Cerqueira César – São Paulo / SP
Inscrição: até 30 de abril de 2012. Duração: 2 de abril a 10 de dezembro de 2012, sempre às segundas‐feiras, das 11h30 às 13h
Investimento: R$ 750,00
Informações e inscrições: www.incor.usp.br , seção Telemedicina.