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INCOR COMEMORA 1OOº TRANSPLANTE CARDÍACO PEDIÁTRICO
16/05/2011
No sábado, 7 de maio, o coração dos profissionais da equipe do Programa de Transplante Cardíaco Pediátrico do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMSUP) bateu mais forte! Foi realizado o 100º transplante do grupo num paciente de 12 anos, do Rio de Janeiro, que sofria de insuficiência cardíaca provocada por miocardiopatia restritiva – doença genética que danifica o músculo cardíaco. Acompanhado de sua mãe, Lucas da Costa encontra‐se em franca recuperação, na Unidade Clínica Pós‐Cirúrgica do Incor, consciente, comunicativa e feliz pelo novo começo de vida. Sua história vai agora se somar a de outros dois personagens que sensibilizaram a população em matérias de imprensa: Rodrigo Marques, 7 anos, e Felipe Watanabe, 6 anos – veja mais detalhes adiante.
Em dezembro de 2007, depois de aguardar meses na UTI do Incor, com risco iminente de morte, Rodrigo teve um coração transplantado, aos 4 anos de idade. Em fevereiro de 2008, Felipe Watanabe, filho de mãe brasileira descendente de japoneses, enfrentou uma longa jornada desde o Japão, para realizar o transplante cardíaco no Incor, quando tinha apenas dois anos.
Hoje os dois são crianças ativas, alegres, têm amigos e já frequentam a escola. Rodrigo trocou de coração mas ainda mantém a crescente a paixão pelo futebol e pelo seu time, o São Paulo: adora jogar uma bola, segundo sua avó, Regina de Melo.
A marca do 100º transplante é uma conquista importante da medicina brasileira, dos pacientes, de seus familiares e de toda a equipe do Incor, que soma quase 20 anos de história de profissionalismo, dedicação e, muitas vezes, heroísmo.
O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP também é campeão nacional de transplante cardíaco em adultos e de transplante de pulmão.
60% DOS TRANSPLANTADOS VIVEM 15 ANOS OU MAIS DEPOIS DA CIRURGIA
O transplante de qualquer órgão representa um dos pontos máximos do desenvolvimento tecnológico e de recursos humanos na área médica, que é colocado à disposição da população que dele necessita. O Programa de Transplante Cardíaco Pediátrico do Incor é um dos mais expressivos do seleto grupo de centros do hemisfério Sul que realizam o procedimento.
O Incor mantém o registro de todas as crianças, adolescentes e adultos com cardiopatia que passaram pelo processo de transplante no Instituto. A sobrevida do grupo é semelhante à registrada pelos principais programas de transplante cardíaco pediátrico do mundo: ao final de 15 anos, perto de 60% dos transplantados continuam vivos.
Como não poderia deixar de ser em pacientes de tão alto risco, o índice de mortalidade é importante, mas deve ser visto de maneira contextualizada, já que uma sobrevida média de 15 anos para até 60% dos jovens transplantados é considerada um ganho excelente, comparável aos índices internacionais padrão ouro.
Não fosse o transplante, 100% dessas crianças, adolescentes e jovens adultos morreriam no prazo de meses ou poucos anos. Esses anos a mais de vida resultam em experiências pessoais significativas, laços de afeto importantes e contribuição relevante para a vida social e econômica do país.
A idade média das crianças no momento do transplante é de 6 anos. Do total, 59% delas são meninas e 24% foram levados ao procedimento em decorrência de alguma doença congênita do coração.
O 100º transplante cardíaco pediátrico do Incor dá início a uma série de ações científicas e culturais que, daqui em diante, vão marcar a comemoração da conquista junto aos pacientes, seus familiares, equipe e a sociedade brasileira.
COMO TUDO COMEÇOU
O primeiro transplante realizado em crianças no Incor aconteceu em um recém‐nascido, em outubro de 1992, realizado pelo Prof. Dr. Miguel Barbero Marcial, então diretor da Unidade de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do Instituto. De lá para cá, a equipe de cirurgiões e cardiologistas validou e fez avançar vários procedimentos, medicamentos e instrumentos desenvolvidos mundialmente para essa cirurgia específica. Desenvolve‐se ali, por exemplo, o primeiro coração artificial infantil do Brasil ‐ que é usado como “ponte para transplante”, ou seja, como suporte ao coração doente, de maneira a manter o organismo em condições mínimas para o transplante, assim que o órgão para enxerto for captado.
TRANSPLANTE: A DEMOCRATIZAÇÃO DA EXCELÊNCIA EM MEDICINA
O transplante cardíaco exige um elevado patamar técnico de recursos humanos e uma robusta estrutura científica e tecnológica para sua realização. Por essa sua característica, ele tem funcionado, desde o primeiro momento, ainda na década de 1960, como um propulsor de contínuos desenvolvimentos que faz avançar toda uma cadeia de inovações médicas, seja na forma de equipamentos, novas drogas, métodos de diagnóstico, pesquisa científica etc.
Esses avanços suplantam o transplante e beneficiam outras áreas da medicina, beneficiando milhares de pacientes acometidos de doenças diversas até mesmo não cardíacas.
A quase totalidade dos transplantes no Brasil é paga pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Assim, pode‐se dizer que o transplante coloca à disposição da população brasileira a mais alta tecnologia médica e o melhor recurso humano disponível na cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica.
NOSSOS HERÓIS E HEROÍNAS
O Programa de Transplante Cardíaco Pediátrico conjuga duas equipes do Incor: as unidades Clínica de Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas e a de Cirurgia Cardíaca Pediátrica. Na unidade de cirurgia, sob a direção do Prof. Dr. Marcelo Jatene, são realizadas delicadíssimas operações em pacientes com perfis que variam desde prematuros – alguns com menos de 500 gramas de peso – com malformações congênitas até adolescentes e adultos com graves doenças do coração.
Mas uma das cirurgias mais desafiantes são, de longe, os transplantes cardíacos, que, se em adultos já pedem uma complexa e competente conjugação de expertises, equipamentos, estrutura médica e recursos, quando são feitos em crianças, exigem conhecimento muito mais específicos e um esforço ainda maior para serem completados.
O Programa de Transplante Cardíaco Pediátrico do Incor tem uma equipe fixa e extremamente competente. São cerca de 50 profissionais afinadíssimos e entusiasmados: assistente social, fisioterapia, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, cirurgiões dentistas, profissionais de enfermagem, cirurgiões cardíacos, cardiologistas, anestesistas, perfusionistas, imunologistas, biólogos, médicos intensivistas, profissionais de imprensa, secretárias, motoristas de ambulância. No transporte de órgãos em situações de emergência e em longa distância, o grupo conta ainda com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e das polícias civil, militar e da aeronáutica.
A HISTÓRIA DE FELIPE
O pequeno Felipe Watanabe da Silva realizou o transplante cardíaco em 28 de fevereiro de 2008. O órgão para transplante, doado por uma criança, no interior de São Paulo, chegou ao hospital trazido pela equipe de captação do Instituto, com transporte pelo helicóptero Pelicano da Polícia Civil. Naquele momento, Felipe já estava no centro cirúrgico do hospital, pronto para receber o novo coração.
Felipe foi admitido no Incor no dia 4 de fevereiro de 2008, vindo da UTI do Jichi Children´s Medical Center, no Japão, onde estava internado havia nove meses, com indicação de transplante. No Japão, não são permitidas doações de órgãos de pessoas com morte encefálica com menos de 15 anos. Assim, pacientes que estão no país à espera de um órgão dessa procedência são enviados para transplante na Europa, Estados Unidos e, no Brasil, para o Incor.
O menino adoeceu logo que chegou ao Japão, onde seus pais, Fernando de Oliveira da Silva (32) e Salete Watanabe da Silva (30), que são brasileiros, estavam a trabalho. O diagnóstico da doença que levou Felipe para a fila do transplante foi miocardiopatia dilatada – condição na qual o coração dilatado não tem força de contração suficiente para distribuir adequadamente o sangue pelo organismo.
Assim que o menino teve indicação de transplante, sua família começou uma campanha na comunidade brasileira no Japão, para conseguir fundos necessários para trazê‐lo de volta ao Brasil, diretamente para o Incor.
Depois de meses, Fernando e Salete conseguiram apoio do Itamaraty para as passagens aéreas; e os recursos da comunidade brasileira no Japão foram utilizados para custear parte do suporte de vida em vôo UTI, com acompanhamento de médicos japoneses e escala única nos Estados Unidos.
A HISTÓRIA DE RODRIGO
Depois de quase sete meses em fila de espera, período em que ficou sob cuidados ininterruptos na UTI infantil do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor‐ HCFMUSP), Rodrigo de Melo Marques, então com 4 anos, foi submetido a um transplante de coração, em 14 de dezembro de 2007. Rodrigo era portador de cardiomiopatia restritiva de causa não definida. A doença leva à fibrose progressiva do músculo cardíaco, causando a insuficiência do coração. Nessa situação, não ocorre o adequado bombeamento de sangue para outros órgãos, que progressivamente entram em falência.
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